Bactérias do pulmão acusam tipo de asma

A gravidade da doença poderá ser identificada pela análise do microbioma pulmonar. Método ajudará tratamentos personalizados.

Estudos têm mostrado o quanto a diversidade de bactérias no corpo humano pode influenciar no surgimento de enfermidades, como o diabetes e o lúpus. A microbiota do intestino tem sido o alvo desses estudos, mas um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos desconfiou que o mesmo processo poderia estar relacionado à asma. Ao analisar a composição de micro-organismos presentes nos pulmões de pessoas com a complicação respiratória, eles não só confirmaram a hipótese como descobriram que o tipo do microbioma pulmonar pode ajudar a identificar a gravidade da doença. Os resultados, publicados na revista PLOS ONE, poderão contribuir para a criação de tratamentos personalizados mais eficazes e até impedir que se chegue à condição crônica da asma.

Autora principal do estudo, Patricia W. Finn conta que entender melhor mecanismos ligados aos transtornos respiratórios era algo que a desafiava havia algum tempo.

“Tenho um interesse antigo no desenvolvimento de alergias e asma. Com o advento de tecnologias que nos permitem identificar milhares de espécies bacterianas que colonizam nosso corpo, resolvemos analisar a relação entre essas bactérias e a resposta imune asmática”, diz a também pesquisadora da Universidade de Illinois.

Finn e a equipe analisaram um grupo de pacientes com idade entre 18 e 30 anos e asma leve ou moderada. Os pesquisadores usaram um exame semelhante à colonoscopia e testes de função pulmonar, como o sopro, para chegar a dois fenótipos de asma: AP1 e AP2.

O AP1 tem como características a presença de citocinas T helper (Th1), que são pró-inflamatórias, o aumento da bactéria enterococcus (ligada à asma) e a atividade normal nas análises de função pulmonar. Pacientes com esse fenótipo têm a asma leve. O AP2 denuncia a condição mais grave da doença respiratória, mostrando citocinas pró-inflamatórias em quantidade aumentada, alta presença de bactérias relacionadas à pneumonia e desempenho anormal em testes de função pulmonar.
Segundo Finn, a asma é conduzida principalmente por um processo inflamatório, alvo da maioria das terapias disponíveis. E as bactérias contêm e produzem pequenas moléculas que podem aumentar ou diminuir essas inflamações. “Isso nos diz que a microbiota tem uma relevância ainda maior do que se pensava, se tornando um biomarcador em potencial para a asma”, ressalta David Perkins, também autor do estudo e professor de medicina e cirurgia da Universidade de Illinois.
Para os autores, os resultados reforçam as evidências de que indivíduos com doenças crônicas mais comuns, como a asma, seriam beneficiados se submetidos a terapias mais específicas.
“Nem todos os asmáticos são semelhantes em suas reações clínicas, imunológicas e agora, como mostramos, em seu comportamento microbiológico. Isso significa que as novas intervenções devem ser direcionadas a subtipos de asma para melhorar os resultados dos pacientes. Esses achados podem constituir a base para a medicina personalizada”, defende Finn.

Veja reportagem completa:
Correio Braziliense – Ciência e Sáude

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