Coronavírus em Minas: ministro da Saúde teme ‘quadro dramático’ no Estado

Em uma reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que teme um “quadro dramático” nos sistemas de saúde públicos de Minas Gerais e Rio de Janeiro no enfrentamento da pandemia do coronavírus. O político disse ainda que, no pior dos cenários, pode haver “invasão” dos hospitais de São Paulo, considerados mais aparelhados.

O ministro não deu mais detalhes sobre os motivos pelos quais teme esse “quatro dramático, mas especialistas ouvidos pela reportagem também não estão otimistas com a situação do Estado.

Conforme a presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), Kátia Rocha, caso o número de contaminados tenha o mesmo ritmo de crescimento de países como Espanha e Itália, seria necessária a criação de pelo menos 400 novos leitos no Estado. Isso além das 740 vagas de UTI atualmente desocupadas nos hospitais públicos de Minas, de acordo com informações do governo estadual.

“Estamos com outros sérios problemas. Os hospitais não conseguem comprar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) essenciais para o atendimento de casos suspeitos de coronavírus, como a máscara. Quando encontramos esses materiais no mercado, os preços estão até 2.000% maiores que o comum”, completa Kátia Rocha.

Desde a última semana, a Secretaria de Estado de Saúde trabalha com o cancelamento de cirurgias eletivas para liberar leitos no Estado.

Responsáveis por gerir 70% dos leitos de UTI em Minas, os hospitais filantrópicos reclamam da falta de diálogo com o governo de Minas. Ontem, a presidente da entidade participou de uma reunião com o Ministério Público, que se comprometeu a “cobrar” uma nova postura do Estado.

“As unidades estão à disposição, de portas abertas, para conversar com o governo e ajudar a construir essa ponte. Temos cidades no interior em que o hospital de referência mais próximo fica a 400 km de distância. O que fazer nos casos de pacientes com quadro respiratório grave?”, questiona.

A dirigente lembra ainda a dívida de R$ 1 bilhão do governo com as instituições. “Há um problema grave de financiamento e, se não houver diálogo, a situação vai ficar pior. Não precisamos pagar esse preço”, finaliza. Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde não tinha se pronunciado até o fechamento desta matéria.

Fonte: O Tempo

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