Senado discute crise financeira das Santas Casas e hospitais filantrópicos na pandemia

Senadores, representantes do setor filantrópico e do Ministério da Saúde discutiram, em audiência pública virtual, na manhã desta quinta-feira (15), a crise financeira das Santas Casas e hospitais filantrópicos, agravada ainda mais com a pandemia. O debate, mediado pelo presidente da Comissão Temporária Covid-19, senador Confúcio Moura, foi transmitido, ao vivo, pela TV Senado, no Youtube.

O presidente da CMB, Mirocles Véras, apresentou, em números, a relevância do papel prestado pelas instituições filantrópicas. “Somos 1.824 instituições, atendemos 70% da alta complexidade, em 800 municípios, essas entidades são os únicos equipamentos de atendimento à população e, há mais de 500 anos, prestamos serviço aos brasileiros. Mas esclarecemos que nossos hospitais, historicamente, vêm sendo remunerados pelo SUS com déficit de 60% e viemos aqui mostrar o que passamos, a nossa preocupação com o que estamos vivenciando no enfrentamento à Covid e com o que vamos enfrentar no pós-pandemia, com os atendimentos da demanda reprimida”, falou. Somente em Porto Alegre e no que se refere à atendimentos oncológicos, o diretor geral da Santa Casa de Porto Alegre, Júlio Flávio Dornelles, informou que são mais de 3 mil pacientes aguardando para acessar ao SUS. “E essa realidade não é só daqui, mas de todo o país”, pontuou.

Véras lembrou o fechamento de diversas entidades que não conseguiram se manter, além do fechamento de leitos, em função das dificuldades financeiras e que, por isso, não puderam contribuir com o trabalho de combate à pandemia. “Fecharam inúmeras instituições e inúmeros leitos que poderiam estar atendendo aos brasileiros nesse momento”.

No ano passado, a lei nº 13.995, do senador José Serra, destinou, emergencialmente, após aprovado, R$ 2 bilhões para as Santas Casas e hospitais filantrópicos. O presidente da CMB relembrou o quanto a ajuda foi essencial para manter os atendimentos, mas que, com o agravamento da pandemia, a necessidade permanece. “Somos gratos ao Senado, os senhores não sabem o que isso impactou para que nós estejamos atendendo, mas agora, como nossas instituições vão continuar? Viemos pedir ajuda aos senhores para que possamos continuar com a nossa missão, de estarmos sempre à frente dos mais necessitados, que é a missão dos nossos hospitais”.

Pleito

O diretor geral da Santa Casa de Porto Alegre, Júlio Flávio Dornelles, salientou que, com a pandemia, a situação financeira dos hospitais filantrópicos “se tornou inadministrável” e que os recursos pleiteados pelo setor se referem aos custos que possuem com as atividades meio. “Cálculo feito, para seis meses, estima que o valor necessário é de R$3,3 bilhões. “Este recurso que estamos pleiteando para manter nossas instituições em funcionamento é em torno de 35% do déficit que temos do SUS”, explicou.

Representando o Ministério, a diretora de Certificação de Hospitais Beneficentes, do Ministério da Saúde, Adriana Lustosa Eloi Vieira, fez um balanço das ações já executadas.

Ao encerrar a audiência pública, o senador Confúcio Moura disse que a atividade “foi uma aula” sobre o setor e de extrema importância para a compreensão da situação, para que os pleitos possam seguir o encaminhamento.

Fonte: CMB

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