Tecnologias, processos e pessoas: qual a relação com hospitais de pequeno porte

Com automação, padronização, integração e mudança de mindset, é possível otimizar a gestão dessas unidades e da Saúde como um todo

De acordo com dados coletados pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH) ao longo da última década – 2010 a 2019 –, os hospitais de pequeno porte compõem a maior parcela de toda a rede de Saúde do Brasil. Isso representa uma fatia de mercado que corresponde a quase 58% das unidades do setor e mais de 30% do quantitativo de leitos disponíveis. Os números da FBH demonstram o poder e o alcance dessas instituições. Mas o que são hospitais de pequeno porte?

Por definição de mercado, são os que possuem entre 1 e 50 leitos disponíveis à assistência. De 51 a 150 leitos são considerados médio porte e, acima de 150, grande porte. Fundamentais para manter o equilíbrio e o suporte a toda a cadeia de Saúde, a elasticidade geográfica e a menor complexidade dessas unidades viabiliza sua presença em todos os municípios, independente do porte populacional e econômico.

Apesar de evidente a força desse nicho na área da Saúde, os mesmos dados da FBH trazem um indicador preocupante. Em todos os anos analisados, os hospitais de pequeno porte lideraram o índice de encerramento de atividades. De acordo com o estudo, o percentual de fechamento das unidades privadas oscilou na expressiva faixa de 70% a 75%. Situação em que aquela velha máxima se faz presente: a corda arrebenta para o lado mais fraco. Em outras palavras, quem primeiro sofre impactos são os que menos têm receita e investimento. Qual, então, o caminho para a mudança? Eficiência na gestão

Os hospitais de pequeno porte precisam ter visão holística e estratificar cenários que necessitam de planejamento e controle. Para alcançar esse objetivo, deve-se considerar três pilares juntos: tecnologias, processo e pessoas. Somente com automação e padronização da tecnologia, integração e descentralização de processos, capacitação de pessoas e mudança cultural é possível otimizar a gestão na área da Saúde. E o que o faturamento tem a ver com isso? Absolutamente tudo. 

O faturamento médio mensal dos hospitais de pequeno gira até R$ 1,5 milhões. Quanto menor o orçamento, mais precisa deve ser a assertividade, a otimização da gestão e da operação de cobrança, a eficiência no desempenho do faturamento x produção, e a velocidade de giro financeiro do caixa. Sem grandes aportes financeiros, as unidades precisam investir na transformação do mindset organizacional. O foco precisa estar no controle rígido da operação, sejam em fluxos assistenciais ou administrativos, e também na urgência na redução de custos desnecessários e incremento de receitas disponíveis. Imagine o cenário:

– Produção do mês faturada dentro da mesma competência;                                                              

– Controle e redução de custos fixos reduzidos perante opções digitais;                                                             

– Controle de eficiência e rentabilidade por tratamentos clínicos e procedimentos médicos;

– Gestão completa de leitos e marcações para otimização da ocupação;

– Controle estratégico por indicadores;

– Avaliação de tetos orçamentários em integração com a rede pública;

– Controle de entradas e saídas de insumos, a partir de integração logística.

Estes são apenas alguns fluxos possíveis dentro da cadeia. Cada gestor hospitalar sabe que, além desses, existem muitas outras ramificações e processos, mas que não podem mais estar sob controles manuais e fora dos padrões. 

Aquisição e implantação de tecnologias é o primeiro pilar para a mudança. Recursos tecnológicos permitem a adoção das melhores práticas de mercado e, com isso, puxam o segundo vetor: otimização de processos. Com ferramental, os fluxos são bem descritos, cabendo às pessoas (terceiro eixo dessa engrenagem) somente executá-los. Para isso, faz-se necessária a capacitação qualificada de times por meio de consultorias. Com dados e processos digitais, torna-se possível medir a eficiência dos indicadores assistenciais e financeiros, assim como, acompanhar os níveis de aderências dos executores. Tudo caminhando de forma sincronizada. 

Qualquer hospital de pequeno porte precisa encontrar, dentre suas especificidades, a linha de produção ideal. Um mundo digital está à disposição no mercado com investimentos acessíveis a todos os portes financeiros. Tecnologia, processos e pessoas são escalonáveis e formam um ecossistema vivo em constante maturação e evolução. Não precisa começar com o ótimo, mas, para sobrevivência e busca de eficiência, cada instituição precisa dar seu primeiro passo.

Por Henrique Antunes

Especialista em gestão financeira e gestão do ciclo digital de receitas que atua como gerente de produtos na MV e possui participação ativa em projetos por toda a América Latina para a construção de soluções voltadas à otimização de processos na área da Saúde

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