Veja o que se sabe até agora sobre síndrome rara associada à Covid que já atingiu 24 crianças em MG

Sintomas podem surgir semanas ou meses após contagio pelo coronavírus, atacando diferentes órgãos e levando até a morte

Uma síndrome rara associada à Covid-19 e que atinge crianças tem sido alvo de estudos da comunidade médica. Em Minas Gerais, já são 24 casos confirmados, sendo 9 deles em Belo Horizonte. “Essa síndrome ainda é pouco estudada e muitas questões ainda estão em investigação”, destaca o infectologista Estêvão Urbano, que faz parte do comitê de enfrentamento à Covid-19 da capital.

Os primeiros casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica surgiram na Inglaterra, em abril. Em Minas Gerais, a notificação de casos suspeitos se tornou obrigatória no fim de julho. De lá para cá, 66 registros foram notificados no estado.

Quais são os sintomas?

De acordo com o infectologista Estêvão Urbano, após um quadro inicial de Covid-19, muitas vezes leve, semanas ou meses depois, podem surgir sintomas em diversas partes do organismo. A síndrome pode atacar, por exemplo, o sistema nervoso central e, nesse caso, a criança pode ter quadros de psicose e convulsões. Pode haver também sintomas respiratórios, com falta de ar, tosse e necessidade de oxigênio suplementar. A síndrome ainda pode gerar insuficiências cardíaca e renal, além de lesões na pele. Urbano destaca que, nem sempre, as crianças apresentam todos os sintomas.

Qual a relação entre a síndrome e a Covid-19?

A relação é um dos principais pontos de estudo da comunidade médica. Segundo o infectologista, possivelmente, o vírus, ao entrar em contato com o organismo da criança, mesmo causando sintomas muito leves, pode começar a desencadear um distúrbio no sistema imunológico. Com o passar dos dias e até de meses, esse distúrbio vai se tornando mais intenso até o momento em que as próprias defesas do organismo começam a inflamar e a atacar os órgãos.

Já se sabe quais crianças diagnosticadas com a Covid-19 desenvolverão a síndrome?

Não. Segundo Estevão Urbano esse é mais um dado que acende o alerta para prevenção à Covid-19. Segundo ele, a comunidade científica ainda não conseguiu chegar a uma resposta específica sobre os motivos que levam umas crianças a desenvolver a síndrome e outras não. Possivelmente, isso estaria ligado a algum fator genético. Mas sem decifrar esse enigma, não é possível adotar medidas terapêuticas preventivas para evitar a síndrome.

Qual o perfil das crianças?

Segundo o infectologista, a grande maioria das crianças, em escala mundial, são de etnia hispânica ou negras e acima de 5 anos, às vezes até mesmo adolescentes. Mas em Minas, os números são um pouco diferentes. Na maioria dos casos, 54%, as crianças têm até 4 anos. De acordo com Urbano, alguns estudos recentes apontam o surgimento de sintomas da síndrome inclusive em adultos.

Por que há dificuldade no diagnóstico?

Além de ser uma síndrome nova e rara, pode haver um intervalo longo de tempo entre o diagnóstico da Covid-19 e o aparecimento da síndrome. Muitas vezes, a criança pode ter tido manifestações leves da infecção pelo coronavírus, nem chegando a ser feito o teste.

Além disso, segundo o infectologista, o quadro clinico é semelhante com o de duas síndromes comuns na pediatria: a de Kawasaki e a do choque tóxico, que causada por bactérias. De acordo com o médico, mesmo antes do diagnóstico, deve ser iniciado o tratamento precoce para cobrir todas essas síndromes, buscando salvar a criança.

A síndrome pode levar à morte?

Sim. De acordo com Urbano, a síndrome pode ser fatal. Mas ele destaca que, mesmo em casos em que não há óbito, os sintomas podem ser bastante graves, levando à internação em CTI, que pode durar vários dias.

Fonte: G1

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