Gestão de riscos em tempo de pandemia

O grande desafio do gerenciamento de risco em relação a pandemia pelo COVID-19, está relacionado a dimensão e extensão do problema (causas e fontes e formas), que vai exigir dos profissionais um olhar mais amplo, se antes a principal preocupação estava relacionada a fatores internos, a partir de agora os fatores externos assumem igual importância. Como definir fluxos seguros para toda a população dos serviços de saúde? Como proteger os pacientes das diversas linhas de cuidado? Como estabelecer uma linha de cuidados segura e eficiente para pacientes portadores ou suspeitos de COVID-19? Como estabelecer um fluxo seguro de informações para dar suporte às tomadas de decisão? São inúmeras as perguntas e não existe resposta única, é necessário desenvolver nas instituições um processo ágil e seguro para análises dos riscos e implementação de ações eficazes, considerando as característica e recursos de cada instituição. O importante é criar um modelo, ou seja, um processo estruturado com definições de responsáveis de cada etapa, e qual as atribuições dos envolvidos. Destaco aqui a formação de times ou grupos focais de análise e enfrentamento.

A primeira etapa fundamenta-se na análise quantitativa, que consiste na avaliação contínua dos impactos e dos efeitos possíveis causados pelos riscos relacionados a pandemia. Avalia-se qual é a situação e seus efeitos, ou seja, temos que saber quais são nossos números para crise.

Uma vez estabelecida à situação, define-se o planejamento de respostassegunda etapa – definindo as ações, procurando reduzir os riscos e minimizando os efeitos. Em sequencia, Inicia-se a implementação das ações – terceira etapa – e é nesse momento que a capacidade de transmissão e segurança da informação é fundamental para se atingir os objetivos propostos. Por melhor que sejam as decisões, falhas no processo de comunicação além de comprometer o resultado, podem oferecer riscos ainda maiores que os identificados na fase de análise reforçando a importância de estratégias que façam com que a informação chegue a até ponta, até aqueles profissionais que estão na assistência direta. Por fim o monitoramento – quarta etapa – que consiste no acompanhamento da execução das ações estabelecidas e seus efeitos, tornando possível o fortalecimento ou correção das estratégias definidas para enfrentamento da crise.

Um fator importante no enfrentamento da pandemia está relacionado à proteção da força de trabalho. Além de todas as incertezas, os profissionais de saúde têm experimentado ambientes ainda mais estressantes, medo pelo desconhecido, preocupação com a sua proteção e de seus familiares, para isso as instituições devem desenvolver programas dirigidos de proteção dos trabalhadores. A Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) aponta algumas recomendações importantes para essa finalidade:

  • – Os gestores devem garantir que toda a força de trabalho de saúde, nos serviços comunitários e hospitalares, receba treinamento adequado sobre COVID-19
  • – Os profissionais de saúde devem estar cientes de seus direitos, funções e responsabilidades.
  • – Os gestores devem apoiar os profissionais de saúde para lidarem com seu estresse e melhorar seu bem-estar psicossocial.
  • – As instituições devem estabelecer um sistema de monitoramento e controle dos trabalhadores expostos à COVID-19 e garantir que os profissionais estejam cientes do mesmo.

Apesar do momento difícil que estamos vivendo, o que vai fazer a diferença é a capacidade de cada instituição em aprender com os desafios, compreender que não se trata apenas de uma questão de enfrentamento e sim da construção de novos processos mais eficientes e seguros e de uma nova normalidade.

Marcos Reis é consultor da Gesti Soluções.

marcos@gestisolucoes.com.br

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