Medicamento que promete barrar contágio pelo vírus será oferecido em postos de saúde a pessoas de grupos vulneráveis que atenderem a pré-requisitos.
A sigla da prevenção contra a sigla do medo: passados 37 anos desde o registro do primeiro caso de Aids no Brasil, onde atualmente calcula-se que cerca de 830 mil vivam com o HIV, uma nova ferramenta surge como mais uma esperança de barrar novas infecções. Hoje, dia mundial do combate à doença, o governo federal apresentará nova campanha contra o vírus e anuncia a chegada de medicamento que promete ser eficaz para evitar o contágio. A Prep (sigla para profilaxia pré-exposição), como é popularmente conhecido o Truvada, será distribuída em postos de saúde do país para um público estimado em 7 mil pessoas. Porém, junto da esperança vem uma preocupação: embora seja mais uma arma no arsenal de combate à epidemia, há apreensão quanto à possibilidade de a novidade levar a um relaxamento no uso de preservativos e, consequentemente, à disseminação de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
A combinação de drogas que reduzem as chances de contrair o vírus é considerada um avanço no combate à epidemia, que vem avançando no país sobretudo entre jovens do sexo masculino. Atualmente, o Brasil conta com algumas armas nessa batalha: além dos preservativos, postos de saúde e centros de tratamento que disponibilizam os exames para diagnósticos de ISTs e a PEP (profilaxia pós-exposição), administrada a pessoas que ficaram expostas ao vírus.
Apesar do arsenal terapêutico, a orientação mais eficaz na prevenção do contágio pelo HIV continua sendo o uso do preservativo. Porém, de acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, pouco mais da metade da população sexualmente ativa diz usar camisinha em todas as relações sexuais, mesmo sabendo dos riscos. Tatiani Fereguetti conta que a procura pelos testes para detecção do contágio aumentou principalmente na faixa etária mais jovem, dos 15 aos 29 anos. Segundo ela a mudança nas formas de relacionamento facilita a exposição ao vírus. “O jovem hoje não tem acesso à educação sexual. A rede de relacionamentos é muito facilitada, principalmente pelas mídias sociais. O preservativo não é pauta principal entre os jovens”, explica.
Por razões como essa, o infectologista Estevão Urbano enfatiza a importância da educação no uso do Truvada.
“A distribuição tem que ser feita com cautela. Muitas pessoas vão parar de usar o preservativo, mas elas têm que saber que estão se expondo a outras doenças. O medicamento agrega valor ao tratamento, mas é preciso que se entenda que as pessoas não podem se descuidar. Além disso, se não tomarem o remédio de maneira correta, a exposição ao vírus continua”, adverte.
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Jornal Estado de Minas
(Foto: Kerry Sheridan/AFP – 15/5/14 via Jornal Estado de Minas)