Foram despendidos R$ 1,8 mi no primeiro trimestre deste ano contra R$ 402,6 mil em igual período de 2015; casos prováveis da doença em 2016 no Estado superaram recorde de 2013.
Os gastos com internações por dengue em Minas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) alcançaram cerca de R$ 1,8 milhão no primeiro trimestre deste ano, valor 347% maior do que o despendido no mesmo período do ano passado, quando aproximadamente R$ 402,6 mil foram investidos, segundo o Ministério da Saúde. O aumento da cifra reflete a expansão da doença no Estado, que vive em 2016 o ano recorde de casos prováveis (confirmados e em investigação): 424.352 até ontem, conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Até 10 de maio deste ano, 6.851 pessoas foram internadas com dengue em Minas – 6.427 com sintomas de dengue clássica e 424 com febre hemorrágica. No ano passado inteiro, foram 6.618 internações. “A dengue é uma doença sazonal, cuja tendência de maior concentração se dá entre os meses de março e abril. São vários fatores que influenciam esse resultado, como índice de chuvas e população suscetível à cepa do vírus circulante”, informou a SES em nota.

No país, os gastos com internações por dengue também subiram. Na rede pública de saúde, os recursos saltaram 61%, de cerca de R$ 5,4 milhões nos três primeiros meses de 2015 para aproximadamente R$ 8,7 milhões em igual período deste ano. Foram 26.610 internações realizadas de janeiro a março de 2016, 58% a mais do que no mesmo período de 2015 (16.799).
A aposentada Maria Josefina, 76, de Contagem, na região metropolitana, passou pela experiência da internação em uma unidade pública no mês passado. “Minhas plaquetas caíram para 50 mil de repente, e fiquei muito fraca, sem conseguir fazer nada, e precisei ficar no hospital por uns dias até recuperar o ânimo”, contou.
Conforme Helena Duani, infectologista e professora de clínica médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as internações são necessárias quando a contagem das plaquetas fica abaixo de 70 mil, em caso de dor abdominal e de vômitos. “A dengue mais forte, acompanhada de diarreia e em pessoas idosas, é mais preocupante. Neste ano, isso aconteceu muito”, pontuou.
Setor privado. Nos planos de saúde, os gastos com as internações bateram recorde no primeiro trimestre, chegando a quase R$ 35 milhões, valor 72,6% maior do que o investido no mesmo período de 2015, conforme dados da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge).
Segundo a entidade, o número representou 0,1% dos gastos assistenciais do setor e não é suficiente para provocar reajustes nos planos de saúde, por enquanto. “Caso as epidemias continuem a evoluir e atinjam níveis alarmantes, o impacto desses custos pode se tornar considerável. É preciso que o governo realize um plano mais contundente de combate às epidemias”, informou por meio de nota.
Saiba mais
Avaliação. O aumento da dengue no Estado neste ano se deve às chuvas intermitentes e ao fato de a última epidemia ter acontecido há três anos, segundo Helena Duani, infectologista e professora da UFMG. “Quando a pessoa tem dengue, adquire imunidade, que volta a cair depois de um tempo. No próximo ano, deve haver menos casos da doença em Minas e mais em Estados onde houve queda neste ano, como São Paulo”.
Balanço. Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, do dia 2 de abril, Minas já era o Estado com a maior quantidade de casos prováveis da dengue. A pasta não informou quando divulgará os dados atualizados.

(Fonte: Jornal O Tempo)