Um capítulo importante da saúde em Belo Horizonte
Euler Borja (Major)
Faço parte de uma geração que participou da história da saúde pública de Belo Horizonte. Para a maior parte dos leitores, muitos fatos aqui narrados são quase inacreditáveis. Mas a vida já foi assim. A nova capital mineira tinha clima ameno, o que era considerado ideal para o tratamento de tuberculose, mal que se alastrava no país. Os hospitais que aceitavam pacientes tuberculosos eram chamados de sanatórios.
A carência de leitos e a liberdade de credo dos evangélicos motivaram a fundação do Hospital Evangélico de Belo Horizonte, que celebra 77 anos de atividades em março. Tudo começou com o ambulatório na Avenida do Contorno, onde funcionava consultórios e um laboratório com as técnicas mais interessante possíveis como o exame de gravidez feito com rãs. A técnica nada aceitável para os dias de hoje consistia na injeção da urina da mulher em uma rã. No caso de gravidez positiva, o animal reagia ao hormônio botando ovos.
A compra do terreno de 10 mil metros quadrados no bairro Serra veio bem depois. Com ofertas de grupos cristãos, iniciou-se a construção do primeiro bloco que abrigaria a Maternidade e a ala de Pediatria. A população carente do interior chegava à capital em busca de recursos médicos e o Hospital Evangélico, com a missão clara de servir ao próximo, procurou abraçar outras necessidades. Assim, havia um Lar para Crianças (orfanato), um Lar para Idosos que foi novidade na cidade e também uma Escola Técnica de Enfermagem que recebia jovens de todos os cantos do Estado, no regime de internato.
Do início até os dias atuais, a Escola de Enfermagem, atualmente em Venda Nova, e o Hospital Geral, no bairro Serra, guardam episódios preciosos da Medicina Mineira com profissionais de referência como o cirurgião geral Dr. Evilazio Teubner Ferreira e o oncologista Célio Galante, que morou no local durante o período de residência. Em minhas andanças pelo Hospital, muitas vezes me encontro com jovens médicos que nem sabem que seus avós fazem parte da história da nossa instituição, seja construindo, doando ou ensinando. O projeto foi e continua a ser conduzido a muitas mãos que se identificam com a melhoria da qualidade de vida da população, por meio do acesso a serviços de saúde.
Nesses 77 anos, a instituição mudou de rumos e cresceu, ancorado pela missão de servir ao próximo, como nos ensina o Evangelho Vivo. Hoje, somos referência na área de Nefrologia, com 4 centros de hemodiálise em Belo Horizonte, Contagem e Betim, que juntos atendem cerca de 3 mil pacientes e uma unidade de Transplantes que, apenas em 2023, já realizou 9 procedimentos.
Temos também duas Clínicas Oftalmológicas que auxiliam o SUS a expandir o atendimento para municípios mineiros onde não existe estrutura para a especialidade. O nosso Centro de Oncologia, em Betim, atende pacientes de 13 municípios do entorno e o Laboratório de Análises Clínicas nos possibilita acompanhar as condições de saúde dos pacientes renais crônicos, tratamento de câncer ou mesmo para a fila do transplante. Complementando, a coordenação focada em pesquisa e inovação em saúde reúne médicos e residentes para estudos sobre aspectos do atendimento oferecido
As necessidades de atendimento são imensas. Dedicar-se a servir ao próximo nunca foi tão necessário porque servir não é um verbo muito simpático na nossa língua. Dizer “sou um servo” parece loucura. Contudo, é exatamente isso que o Evangelho nos ensina por meio daquele a quem seguimos: Jesus Cristo.
Assim, meu testemunho neste mês de aniversário é de enorme gratidão a Deus a quem devemos toda a Honra. Nosso reconhecimento a todos aqueles que contribuíram com o Hospital Evangélico de BH e, de forma especial, aos mais de 2500 profissionais que servem nas nossas 10 unidades.
Euler Borja (Major)
Presidente da Associação Evangélica de Minas Gerais (AEBMG), mantenedora do Hospital Evangélico de Belo Horizonte e de suas 9 unidades de saúde
Assessoria de Imprensa: Luciana Moreira
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