Estudo aponta que a obesidade pode prejudicar sistema sanguíneo e levar à leucemia

O sobrepeso pode comprometer a diversidade saudável produzida pela fábrica humana de sangue, o que deixa o corpo mais vulnerável para o surgimento de leucemias.

A obesidade pode prejudicar o sistema sanguíneo, aumentando as chances de surgimento de câncer. É o que mostra um estudo americano divulgado ontem no Journal of Experimental Medicine. Em testes com camundongos, os investigadores mostraram que, a longo prazo, o sobrepeso pode comprometer a “diversidade saudável” produzida pela fábrica humana de sangue, as células-tronco hematopoiéticas. Dessa forma, deixa o corpo mais vulnerável para o surgimento de leucemias.

“Hoje, compreendemos que as células-tronco do sangue são constituídas por inúmeros subconjuntos de células. Manter esses compartimentos saudáveis é essencial para a saúde humana, o que inclui a manutenção do vasto conjunto de estruturas hematopoiéticas”, ressalta, em comunicado, Damien Reynaud, autor principal do estudo e pesquisador do Hospital Infantil de Câncer do Sangue de Cincinnati.
No experimento com roedores, os cientistas identificaram que o estresse oxidativo relacionado à obesidade altera a arquitetura celular das células-tronco hematopoiéticas e reduz progressivamente a aptidão funcional dessas estruturas. O pior é que alguns desses prejuízos persistiram mesmo depois que os animais tiveram o peso normalizado por meio de dietas.
Para os autores, essas alterações parecem estar ligadas a alta expressão de um fator de transcrição chamado Gfi1 — um gene regulador, responsável por “dizer” a outros genes o que fazer. Os estresses oxidativos causados pela obesidade levam à superexpressão de Gfi1 no corpo, que gera “um caos celular” na fábrica de sangue.
Segundo a equipe, a pesquisa fornece bases para investigar como escolhas de estilo de vida, como a dieta e a prática de exercícios físicos, podem afetar de forma duradoura a formação de sangue e também procedimentos médicos para o combate à doença. “Pouco se sabe sobre como a obesidade em doadores de medula pode afetar a qualidade do compartimento das células-tronco hematopoiéticas”, explica Reynaud. “Queremos entender melhor as alterações moleculares na obesidade para prever riscos potenciais associados ao uso terapêutico de células-tronco isoladas de doadores obesos.”

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