Falta de contraste compromete rotina de exames de imagem na Clínica e no Hospital Bom Samaritano

Alguns exames podem ser realizados sem contraste, sem comprometer a qualidade e o resultado

No Hospital Bom Samaritano (HBS) e na Clínica Bom Samaritano (CBS) a rotina no setor de imagens precisou ser alterada. Isso porque o contraste, substância tão necessária para realizar os exames, está em falta em todo o país.  

Segundo Amanda Kellen de Oliveira Matta, médica responsável técnica pelo setor de serviços de imagens do HBS, vários fatores podem ter contribuído para essa escassez. Como exemplo citou o aumento acentuado no número de exames, bem acima daqueles observados antes da pandemia; investimento na saúde com a compra de tomógrafos computadorizados, elevando o uso de contraste; a falta do iodo, que é um elemento químico essencial nas formulações de meios de contraste para a tomografia.“ Umas das grandes produtoras de contraste mundial é a fábrica localizada em Xangaí que ficou fechada durante todo o mês de abril, quando houve a abertura, a produção foi muito pequena, cerca de 20% da capacidade, afetando o comércio mundial”, explica Matta.

Ainda segundo Matta, o Hospital Bom Samaritano tem feito algumas estratégias para gerenciar a falta dos meios de contraste no setor de radiologia, sem abrir mão da qualidade dos exames. Seguindo as orientações do Conselho Federal de Medicina, a indicação, posologia e prescrição do exame de imagem com utilização do contraste passa a ser atribuída ao radiologista. “Estamos gerenciando a situação, abrimos um diálogo entre radiologistas e médico prescritor e juntos tomamos decisões priorizando casos excepcionais, onde o uso de contraste é de extrema importância”, afirma a médica responsável pelo setor de imagens do HBS.

É o caso dos pacientes oncológicos que precisam do contraste para a realização dos exames. “O exame é feito em uma fase contrastada e outra sem contraste. Assim, podemos delimitar melhor o tumor. Numa lesão neoplásica, onde ocorre o crescimento celular, o uso de contraste realça, isso é essencial para diagnóstico e tratamento”, esclarece José Pedro Ferreira de Bastos Viera, diretor do Núcleo de Especialistas em Oncologia (NEO), reforçando a importância da substância em falta no mercado.

Na Clínica Bom Samaritano (CBS) a quantidade de contraste utilizado nos exames de imagem é de aproximadamente 300 ampolas/mês, cada uma com 15mls suficiente para cada exame. “A última compra foi realizada no mês de abril, utilizamos todo o estoque no mês de maio. Desde o dia 1º de junho estamos sem o produto, fazemos o atendimento daqueles casos que o uso do contraste não interfere na qualidade e nem o resultado, mas no caso de pacientes oncológicos, o exame precisa ser feito com a substância”, afirma Janine Souza Vicente, Gerente Administrativa CBS.

A falta do insumo no mercado mundial dura cerca de 90 dias. De acordo com Ricardo Heringer Tolomelli, gerente do setor de suplementos, manutenção e SAME do HBS vários fornecedores foram acionados e informados sobre a urgência na compra, mas nenhum deu retorno positivo. “Entramos em contato nos sites de cotação onde somos afiliados, até o momento não conseguimos efetuar a compra. Recebemos a informação de que existe um outro tipo de contraste que atende a ressonância, só que o valor dele é 330% maior. Isso dificulta muito o processo e inviabiliza o atendimento, porque a maior parte é pelo SUS que não vai alterar a tabela de pagamento pelo valor do serviço por causa do aumento e o mesmo ocorre com os convênios”, lamenta Tolomelli sobre a falta do insumo e o valor praticado no mercado.

O problema que afeta 50% das clínicas e hospitais de todo do país pode estar com os dias contatos.  De acordo com informações do Colégio Brasileiro de Radiografia e Diagnóstico (CBR) a produção em Xangaí voltou a normalidade no dia 1º de junho e a normalização na compra e venda do produto, pode acontecer nos próximos 60 dias no mercado brasileiro. 

Fonte: Lígia Heringer / Fotos: Leonardo Morais

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