Federassantas aponta desafios na regulação de leitos do SUS durante entrevista na Band Minas

A presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), Kátia Rocha, participou ao vivo do programa da Band Minas e fez um importante alerta sobre os desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente no que diz respeito à regulação de leitos hospitalares.

A conversa foi motivada pelo caso de um paciente de Itabira que sofreu um AVC e aguardou sete dias por uma transferência para Belo Horizonte. A demora inviabilizou a cirurgia de urgência e o paciente não resistiu. Durante a entrevista, Kátia destacou que situações como essa infelizmente ainda ocorrem e reforçam a necessidade de maior integração entre os diferentes níveis de gestão do SUS.

Ela ressaltou que a responsabilidade pelo funcionamento da saúde pública é compartilhada entre os municípios, o estado e a união. Segundo Kátia, o SUS é uma engrenagem complexa que precisa operar de maneira sincronizada, o que exige cooperação entre todas as partes envolvidas. “Quando isso não acontece, o acesso ao atendimento se torna mais difícil”, afirmou.

A presidente da Federassantas também chamou atenção para a necessidade de maior transparência no processo de regulação. Para ela, é fundamental que os familiares saibam exatamente onde o paciente está na fila, qual a sua prioridade e qual a estimativa de tempo para o atendimento. “Hoje, com a tecnologia que temos, não é admissível que essas informações não estejam disponíveis”, disse.

Dados apresentados durante o programa revelam que, no dia 29 de maio, quase cinco mil pessoas aguardavam por atendimento de urgência na Central Estadual de Regulação. Em Minas Gerais, o estado conta com aproximadamente 32 mil leitos hospitalares, sendo cerca de 22 mil em instituições filantrópicas e 10 mil em hospitais públicos. “Leito sozinho não resolve. É preciso garantir estrutura, equipes completas, profissionais bem remunerados. Só assim conseguimos atender com qualidade e dignidade”, afirmou.

A judicialização também foi discutida. Kátia ponderou que, embora o cidadão tenha o direito de recorrer à Justiça quando há risco à vida, é preciso considerar o desafio enfrentado por juízes ao decidirem casos urgentes em meio a milhares de outras situações igualmente graves. “A busca pela Justiça não pode acontecer isoladamente. É necessário compreender o contexto, saber quantas pessoas estão à frente na fila e qual o nível de gravidade de cada caso”.

Ela também reforçou o papel do cidadão como fiscal do sistema de saúde. “A razão de existir do SUS é o cidadão. Ele pode — e deve — cobrar, buscar explicações, exigir informações. Se algo não estiver caminhando como deveria, ele deve procurar o Ministério Público, a Defensoria Pública. A percepção da realidade que o cidadão tem já é um indicativo importante de que é preciso agir”.

A entrevista, conduzida pela jornalista Luciana Viana, reforçou a necessidade de diálogo, clareza nas informações e fortalecimento das estruturas hospitalares, especialmente as filantrópicas, que hoje são responsáveis por grande parte dos atendimentos de média e alta complexidade no estado. Ao final do programa, Kátia reiterou o compromisso da Federassantas com a defesa de um SUS mais eficiente, justo e transparente para todos os mineiros.

Veja o trecho da entrevista: https://tinyurl.com/3vt26cyv

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