FHSFA forma a primeira turma do Projeto linhas que dão vida
Em parceria com a PBH, iniciativa é um marco de superação e cidadania e permite a alfabetização de pacientes do Setor de Hemodiálise
Em um momento carregado de emoção e esperança, as pacientes renais Janaina Priscila, 35 anos, e Meire Alves, 45 anos, se tornaram amigas e companheiras de uma jornada de superação no Serviço de Hemodiálise da Fundação Hospitalar São Francisco de Assis (FHSFA). Vizinhas de máquinas de diálise três vezes por semana, elas dividiram desafios e aprendizados no Projeto Linhas que dão Vida, que alfabetiza pacientes renais do Sistema Único de Saúde (SUS) em Belo Horizonte.
Com o coração cheio de gratidão e sonhos renovados, Meire e Janaína celebram uma conquista que vai além da conclusão do Ensino Fundamental na Escola Municipal Hugo Pinheiro Soares: elas se formaram junto com outros seis pacientes da FHSFA, simbolizando não apenas a superação da doença, mas também a luta pela cidadania e pelo direito à educação, independência e dignidade. Meire, que é paciente renal há três anos, destacou-se na disciplina de Matemática, enquanto Janaina, ou Jana como é carinhosamente chamada pelos colegas, brilhou no Português.
Jana, que enfrenta os desafios da doença desde os 16 anos e passou por um transplante renal rejeitado, voltou a depender da hemodiálise, mas não deixou que isso a impedisse de continuar buscando conhecimento. Durante as aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Meire e Jana se apoiaram mutuamente, trocando conhecimentos e fortalezas. Juntas, elas projetam o futuro: em 2025, desejam continuar seus estudos e, quem sabe, até alcançar a graduação.
Formatura
Na última terça-feira (10/12), a Fundação Hospitalar São Francisco de Assis (FHSFA) e a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Educação e da Escola Municipal Hugo Pinheiro Soares, celebraram a formatura da primeira turma do Projeto Linhas que dão Vida. A cerimônia, que aconteceu no Auditório Flávio Amaral, no bairro Concórdia, foi um verdadeiro tributo à luta de cada um dos formandos, um momento onde a educação se tornou sinônimo de esperança e renovação.
A turma de formando é composta por pacientes/alunos, com idades que variam entre 35 e 75 anos, e que enfrentam as dificuldades de ser paciente renal no SUS. São eles: Maria Martha Graveli (75), Matias Alves (59), Raquelice Dias (52), Ires Amélio (53), Jacir Gualberto (49), Vicente Amorim (55), além das amigas Meire e Jana. Com 55 anos, o ourives Vicente também estava contente por concluir o Ensino Fundamental após anos de interrupção nos estudos. Com a alegria de quem finalmente conquistou o que sempre desejou, ele expressou sua gratidão: “este projeto me deu uma nova chance na vida. Agora, não vou parar mais”, salienta.
A emoção estava estampada nos rostos de todos os alunos, seus familiares e amigos. Todos foram recebidos pelos acordes do Dr. Violino. O Projeto Linhas que dão Vida é realizado dentro do Setor de Hemodiálise da Fundação e representa não apenas uma oportunidade de aprendizado, mas também um passo importante para a inserção social e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. As aulas acontecem duas vezes por semana, nas segundas e quintas-feiras, o projeto oferece alfabetização e certificação, focando no Ensino Fundamental 1 e 2.
A idealizadora do projeto e Superintendente de Serviços Hospitalares da FHSFA, Adriana Melo, compartilhou sua emoção ao ver a realização de um sonho de cinco anos: “Quando comecei a perceber que muitos dos nossos pacientes eram analfabetos ou tinham pouca escolaridade, eu soube que o tempo que eles passavam na hemodiálise poderia ser aproveitado para algo mais. Criar este projeto foi uma forma de dar a eles a chance de resgatar sua autoestima, sua dignidade e, acima de tudo, o direito à educação”, afirmou Adriana, com a voz embargada pela emoção.
A ideia de usar o tempo da hemodiálise para promover a alfabetização surgiu justamente para melhorar o entendimento dos pacientes sobre o próprio tratamento, que muitas vezes é acompanhado de orientações escritas e complexas. Além disso, a iniciativa atende a uma demanda crescente dos pacientes por mais informações sobre cuidados com a doença e hábitos alimentares, fatores essenciais para o sucesso do tratamento renal. Durante a cerimônia de formatura, Adriana Melo entregou à diretoria e professores da Escola Municipal Hugo Pinheiro Soares certificados de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na Fundação.
Ao participar da formatura do EJA, o Superintendente Geral da Fundação Hospitalar São Francisco de Assis, Helder Yankous, lembrou que o Projeto Linhas que dão Vida reflete a preocupação da Fundação em humanizar e oferecer uma assistência de qualidade para o paciente SUS. Helder Yankous explicou que o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Educação e da Escola Municipal Hugo Pinheiro Soares, foi essencial para concretizar a iniciativa.
Helder Yankous agradeceu a diretora Ana Luiza Motta, a coordenadora Denise Rise, e os professores Ana Carolina Sanches, Ernane Siqueira, Selma Macêdo e Maria Cecília Marques pelo empenho na formação dos pacientes/alunos. As aulas são realizadas durante o tempo em que os pacientes estão em tratamento de hemodiálise, proporcionando a eles um aprendizado eficaz e que respeita seus tempos e limitações.
Além dos professores, a PBH disponibilizou todo o material didático necessário para o aprendizado dos pacientes/alunos. A solenidade de formatura da primeira turma da EJA da FHSFA reuniu também o Superintendente Técnico Assistencial do Hospital São Francisco, Dr. Leonardo Brescia, a gerente Assistencial Maria Cecília Andrade, gestores e funcionários da instituição.
Com certificação ONA 2, a Fundação Hospitalar São Francisco de Assis atende exclusivamente pelo SUS e é o segundo maior hospital geral de alta complexidade de Belo Horizonte. No ano passado, a Fundação realizou mais de 824 mil procedimentos, incluindo cirurgias, consultas e tratamentos como quimioterapia e radioterapia. Além disso, oferece programas de residência em diversas especialidades médicas, sendo um pilar essencial no cuidado da população.
Porém, como toda instituição filantrópica, a FHSFA depende de recursos do SUS e de doações para manter e expandir suas atividades. A doação de equipamentos, medicamentos, alimentos e outros itens essenciais é crucial para continuar oferecendo esses programas que transformam vidas. Quem desejar contribuir com essa causa pode fazer doações diretamente nas unidades da FHSFA ou por meio de depósito bancário via PIX (chave: 13.025.354/0001-32).