GOVERNO ESTADUAL PEDE NOVO PRAZO PARA CRONOGRAMA DE PAGAMENTO À SANTA CASA

Três vezes ao mês, a dona de casa Patrícia dos Santos leva sua filha, Isabeli, de 9 anos, à Santa Casa de BH para o tratar um tumor no rosto. Debilitada e sem condições de retornar à sua casa, depois de mais de oito horas de quimioterapia, Isabeli é  acolhida pela Fundação Sara, uma casa de apoio que presta assistência às crianças com câncer. A rotina de Isabeli é essa há 5 anos. A mãe conta a Santa Casa foi a única instituição onde conseguiu tratamento.

Ao ter conhecimento das dificuldades financeiras enfrentadas pelo hospital, a dona de casa conta que caso o tratamento da filha seja suspenso, nem imagina em qual hospital poderá receber o mesmo atendimento. Esse tipo de preocupação é comum entre aqueles que dependem da Santa Casa para conseguir atendimento. Para os funcionários, as dificuldades enfrentadas pelo hospital, refletem também na rotina de trabalho. Há quase 50 anos trabalhando no hospital como auxiliar de enfermagem, Simeon Pedro Mendonça, conta que as dificuldades do hospital afetam seu trabalho: “estamos fazendo economia de tudo, até de copo descartável e material de limpeza, que está escasso”. Ele confirma, que os usuários do SUS e a instituição também estão sendo prejudicados, e por este motivo, apoia o movimento.

De acordo com o Dr. Gláucio de Oliveira Nangino, superintendente de assistência ao SUS, os problemas financeiros da Santa Casa tem origem em dois aspectos: falta de reajuste dos contratos há vários anos e atraso constante do financiamento estadual. Ele explica que isso provocou o endividamento da Santa Casa com os fornecedores de medicamentos, materiais médicos e outros insumos, o que levou à decisão de fechar 430 leitos e suspender as cirurgias eletivas. O superintendente afirma que “a gente teve que restringir a internação para não desatender os pacientes que estão aqui dentro. Entre colocar mil pacientes aqui e faltar medicação, ou ter 600 pacientes que o tratamento seja adequado, ou eticamente feito, nós optamos pela segundo opção”. Outra dificuldade, de acordo com o gestor é que, neste momento, a instituição só está conseguindo comprar uma quantidade mínima de materiais básicos para o funcionamento do hospital; o racionamento atinge até mesmo o setor de limpeza e administrativo.

Segundo o superintendente, no mês de fevereiro, o Secretário de Estado prometeu que iria pagar a dívida de R$ 21 milhões do estado em três parcelas (março, abril e maio), mas que essa promessa não foi cumprida até hoje. Na semana passada o Ministério Público de Minas Gerais, determinou que, até o dia 14 deste mês, fosse apresentado um cronograma com prazos para o pagamento da dívida. No entanto, o superintendente afirma que o governo estadual não apresentou nenhum cronograma na data estipulada e que pediu um adiamento do prazo para o próximo dia 18/05 (quinta-feira). Segundo ele, caso haja descumprimento do acordo mais uma vez, a próxima medida será a judicialização pois é um “recurso devido já reconhecido pelo Estado”, afirma.

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