Hospitais beneficentes de Minas se destacam no atendimento ao Câncer de Cabeça e Pescoço
A campanha Julho Verde, promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), e que ressalta a importância do Dia Mundial de Prevenção ao Câncer de Cabeça e Pescoço, comemorado no próximo dia 27 de julho, destaca o atendimento prestado por diversos hospitais filantrópicos para conscientização e prevenção do câncer de cabeça e pescoço. Entre eles, o Hospital do Câncer de Muriaé, o Hospital Dilson Godinho de Montes Claros, a Santa Casa de Passos, Hospital Márcio Cunha em Ipatinga e o Hospital da Baleia em Belo Horizonte, oferecem tratamento para a doença que é o 4º tipo de câncer mais incidente no Brasil.
O câncer de cabeça e pescoço abrange regiões da pele, boca, nariz, seios paranasais, faringe, laringe, glândulas salivares, tireoide e paratireoides e pode se manifestar com poucos ou nenhum sintoma aparente. O Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital do Câncer de Muriaé, Luiz Pereira, explica que alguns sinais devem ser observados. “Pintas ou manchas recentes na pele ou já existentes que mudaram suas características, feridas na pele ou lábio que não cicatrizam, manchas brancas ou vermelhas na boca, dor para mastigar ou engolir, dor nos ouvidos, dor de garganta persistente, mau hálito persistente, mudanças na qualidade da voz ou rouquidão persistente, nódulos no pescoço, tumefações na face, obstrução nasal progressiva e persistente, corrimentos nasais persistentes sanguinolentos ou não, e perda de peso sem causa aparente são um alerta para esse tipo de câncer”, salienta.
Ainda segundo o cirurgião, os homens são as maiores vítimas desses tumores, no entanto, a incidência em mulheres e jovens não tabagistas e não etilistas está aumentando nas últimas décadas. “A cirurgia é considerada o padrão ouro no tratamento das neoplasias da cabeça e pescoço quando realizada em tempo oportuno por profissional especializado, apresentando alta resolutividade. A Radioterapia isolada ou associada à Quimioterapia podem ser empregadas como opção de tratamento para os pacientes não candidatos à cirurgia ou aqueles que não aceitam o tratamento cirúrgico, e também como forma de tratamento adjuvante após a cirurgia, visando sempre o controle efetivo da doença”, ressalta.
Um dos procedimentos mais comuns realizados na instituição para este tipo de câncer é a remoção da laringe, que dependendo da localização do tumor, pode fazer com que o paciente perca a voz ou fique rouco, e em muitos casos, necessite do auxílio da laringe eletrônica, para dar a ele a oportunidade de voltar a falar. Há mais de 10 anos, pacientes que passaram por essa cirurgia participam do coral “Nova Voz”, que encanta o público a cada apresentação. Criado com o objetivo de acompanhar pacientes laringectomizados do Hospital do Câncer de Muriaé, o coral tem sido uma fonte de esperança e reintegração, já que a perda total da voz é uma das consequências mais difíceis e o canto representa uma oportunidade de explorar novas possibilidades de comunicação.

As músicas são selecionadas com o apoio de um violinista e com as opiniões dos participantes, garantindo que o repertório seja adequado às suas condições e preferências, e a cada 45 dias, os pacientes se encontram para os ensaios que incluem socialização e participação de dinâmicas com outros profissionais. Camila Carvalho de Almeida, Supervisora de Fonoaudiologia da instituição, destaca a importância do coral para os pacientes que perderam a voz devido ao tratamento. “A música supera barreiras e oferece uma nova forma de expressão e inclusão para esses pacientes, proporcionando um ambiente de apoio e valorização. O que mais me comove é ouvir os participantes compartilhando que, depois do coral, sentem que têm voz e que suas vidas são valorizadas na instituição”.
Para chamar atenção para a prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço, o Coral Nova Voz se apresentou durante evento de conscientização da Campanha Julho Verde, na quinta-feira, 25, no auditório Fundação Cristiano Varella. Além da apresentação, o evento incluiu palestras sobre prevenção e diagnóstico precoce, e homenagens aos pacientes.
No Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, pacientes laringectomizados recebem gratuitamente as laringes eletrônicas, que vibra e gera sons de acordo com a articulação, dando aqueles que já não têm as cordas vocais, a capacidade de vocalizar novamente. A instituição já distribuiu 25 aparelhos semelhantes nos últimos meses, oferecendo acompanhamento contínuo por uma equipe multidisciplinar, e na última terça-feira, 23 de julho, realizou a entrega de mais alguns aparelhos.

Nilton Eustáquio, um dos pacientes beneficiados pela laringe eletrônica, compartilhou sua experiência. Após dois anos sem falar devido ao tratamento, ele voltou a vocalizar e socializar com as pessoas. “Foi muito triste ficar esses dois anos em silêncio. Me comunicava, basicamente, com a minha filha para que ela passasse aos outros o que eu dizia. Com a laringe eletrônica, voltei a ter autonomia, graças a Deus,” disse Nilton.
Em 2023, 241 pacientes com câncer de cabeça e pescoço foram tratados no Hospital da Baleia, dos quais 74 passaram por cirurgias. As laringes eletrônicas são fornecidas gratuitamente através de um programa do Governo Federal, sendo uma alternativa acessível para muitos pacientes que não poderiam arcar com o custo de R$ 3 mil de aparelhos similares no mercado.
Já no Hospital Dilson Godinho, em Montes Claros, de janeiro a maio deste ano, foram realizados 3.076 exames, consultas e tratamentos para neoplasia maligna de cabeça e pescoço e no ano passado, esse número foi de 5.308. Em termos de procedimentos cirúrgicos, 128 foram realizados nos primeiros cinco meses de 2024, comparados a 285 em 2023. A média mensal de atendimentos (exames, consultas e tratamentos) para câncer de cabeça e pescoço é de 615, enquanto a média mensal de procedimentos cirúrgicos é de 26. Todos esses dados refletem apenas os atendimentos realizados pelo SUS.
Para o diretor-presidente do HDG, Dr. Helder Leone Alves de Carvalho, a prevenção é essencial para reduzir os riscos e melhorar os resultados dos tratamentos oferecidos pelo SUS. “Este número impressionante reflete o compromisso do hospital em oferecer cuidados especializados e de alta qualidade para pacientes oncológicos. Com uma média de 26 procedimentos por mês e 615 exames, consultas e tratamentos, a equipe do HDG trabalha incansavelmente para atender a uma demanda crescente e reafirma seu papel crucial na comunidade de saúde”, destacou.
Na Santa Casa de Passos, referência no tratamento de doenças da cabeça e pescoço na região sul, atendendo pacientes de diversas áreas de Minas Gerais, os cirurgiões de cabeça e pescoço avaliam cada caso para definir o melhor tratamento e a equipe de cirurgiões atende em média 60 casos por semana, realizando cerca de 10 cirurgias semanais.
A Santa Casa de Passos também investe em educação em saúde e facilita o acesso dos pacientes ao tratamento, conseguindo manter uma pequena fila de espera. Essa abordagem integral e humanizada faz com que os pacientes se sintam cuidados e apoiados em todas as etapas do tratamento. Durante a campanha Julho Verde, a instituição realizou o 2º Simpósio Julho Verde, em parceria com a Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço. O evento, realizado no dia 6 de julho, reuniu profissionais da saúde e acadêmicos em uma jornada de conhecimento e debate sobre o câncer de cabeça e pescoço, e contou com atividades voltadas para diversas áreas da saúde.
Além de ser direcionado a profissionais e estudantes da área da saúde, o simpósio também teve as portas abertas ao público em geral, reforçando a importância de conscientizar toda a sociedade sobre os desafios enfrentados no combate ao câncer de cabeça e pescoço. A organização do evento solicitou que os participantes doassem 1kg de alimento não perecível como forma de ingresso, arrecadando mais de 200kg de alimentos que foram destinados a instituições da cidade.
Prevenção
O Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, é referência para mais de 1 milhão de habitantes do leste e nordeste mineiro, atendendo a mais de 67 municípios. A unidade de oncologia oferece um tratamento completo e multidisciplinar, com equipamentos modernos para quimioterapia, farmácia e diferentes procedimentos de radioterapia.
Dr. Clineu Júnior, cirurgião de cabeça e pescoço da instituição, destaca a importância do atendimento preventivo e do diagnóstico precoce. “A prevenção é o melhor tratamento. Portanto, as pessoas devem deixar os hábitos de fumar e beber, e devem praticar suas atividades sexuais de forma segura,” afirma. O hospital participa de estudos e ensaios clínicos de novas drogas, proporcionando aos pacientes acesso a tratamentos inovadores.
Já o médico cirurgião de cabeça e pescoço, Dr. Cláudio Marcelo Cardoso, do Hospital Dilson Godinho, ressalta a importância de procurar um médico ao perceber sintomas como caroços, feridas na boca ou dificuldades para engolir. “Se algum desses sintomas persistir por mais de duas semanas, deve-se buscar a orientação de um especialista. A detecção precoce é fundamental para aumentar as chances de um tratamento bem-sucedido. Em sua grande maioria, os casos em que os cânceres são descobertos no início têm chances de cura superiores a 90%”, explicou o cirurgião.
Evitar o consumo de tabaco e álcool, manter uma boa higiene bucal, além da vacinação contra o HPV são fatores essenciais que contribuem para prevenção do câncer de cabeça e pescoço.
Mais informações:
Hospital do Câncer Muriaé – Leony (11) 92085-7738
Hospital da Baleia Belo Horizonte – Lorenza (31) 99947-6837
Hospital Dilson Godinho Montes Claros – Wesley (38) 99830-7398
Santa Casa de Passos – Bruno (12) 99141-6006
Hospital Márcio Cunha Ipatinga – Igor (31) 99217-1489