Na última semana, Jacson Fressatto esteve em Belo Horizonte a convite da PRODEMGE – Companhia de Tecnologia da Informação de MG, para apresentar seu projeto, o Robô Laura
O que um pai pode fazer ao perder sua filha, de 18 dias, por uma infecção generalizada? Para o analista de sistemas, Jacson Fressatto, a perda da Laura em 2010 para a sepse, motivou a criação de um robô para salvar vidas.
Estima-se que há 2 milhões e meio de casos de sepse por ano no Brasil. A infecção é o motivo de 56% das causas de mortalidade nos hospitais brasileiros e 90% das pessoas que estão nas UTI por causa desta infecção vem a óbito. No entanto, se a sepse for identificada a tempo, é possível reduzir a taxa de mortalidade em pelo menos 50%. Para isso, o criador Jacson afirma que o objetivo da Laura é justamente este, gerenciar riscos e ajudar profissionais médicos a identificar a sepse.
Ele conta que a principal dificuldade encontrada por estes profissionais é a falta de informação sobre o paciente com probabilidade de infecção. Após a perda da Laura, Jacson voltou ao hospital onde perdeu sua filha para tentar encontrar uma solução para essa ameaça invisível que é a sepse. Algum tempo depois, ele percebeu uma falta de integração entre os sistemas e equipamentos do hospital. Jacson dedicou meses de trabalho tentando encontrar um algoritmo para a solução deste problema. Foi assim que surgiu o Robô Laura!
O idealizador explica que a Laura é como um vírus de computador: uma vez que o programa é implantado na instituição, ele é capaz de acessar todos os sistemas e equipamentos dos laboratórios do hospital. Ela consegue ler e entender todas as informações de todos os pacientes, como, por exemplo, dados vitais e exames laboratoriais. Além disso, ela funciona por meio de tecnologia cognitiva, ou seja, ela é capaz de aprender.
Durante o tempo que passou no hospital, Jacson percebeu que o tempo e informação são fundamentais para salvar a vida de um paciente com a infecção. Por isso a Laura é capaz de acelerar o processo de identificação da sepse. Segundo observou, o tempo médio da visita de um profissional ao leito até a inserção dos dados do paciente no sistema do hospital é de cerca de 3h30. Jacson afirma que a Laura consegue reduzir este tempo para 42 minutos.
Outra curiosidade do Robô Laura é a forma de avisar a gravidade de uma infecção para as equipes do hospital. Se a Laura entender que aquelas informações do paciente são sintomáticas da sepse, ela ativa a chamada “ansiedade de Laura”, um painel de gestão sonoro e visual que alerta profissionais médicos e enfermeiros sobre qual leito e setor que está aquele paciente. Caso o médico ou o enfermeiro ignorem este alerta, uma mensagem é enviada para os coordenadores da equipe, familiares do paciente e até mesmo gestores do hospital, até que alguém vá até o paciente e avalie sua condição.
O idealizador conta que outra dificuldade solucionada pela Laura é o tempo de identificação da disfunção do organismo e a administração do antibiótico: sem a Laura, este processo levaria cerca de 13h40min; com a Laura, este tempo é de 2h58.
Jacson afirma que a Laura tem 97% de assertividade. O sistema já está implantado em dois hospitais de Curitiba e foi muito bem aceito pela equipe. Segundo o analista, em Minas, a primeira instituição a implantar a tecnologia será o Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga. O criador afirma que “o sonho de Laura” é disponibilizar a ferramenta para toda saúde do país.


