Referência em cuidados prolongados reafirma sua relevância no presente e no futuro da saúde brasileira, em um país que envelhece e demanda instituições preparadas para acolher com dignidade e eficiência
O plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte se encheu de emoção e reconhecimento na noite desta quarta-feira (10), durante a reunião especial em homenagem aos 50 anos da Rede Paulo de Tarso. A sessão, presidida pelo vereador Cláudio do Mundo Novo – autor do requerimento que deu origem à solenidade – reuniu parlamentares, lideranças do setor de saúde, colaboradores, voluntários e familiares do fundador da instituição, Amarílio Domingos Costa.
A Rede Paulo de Tarso, referência nacional em cuidados prolongados e reabilitação, é reconhecido pelo Ministério da Saúde como a primeira instituição brasileira nessa modalidade de assistência. Ao longo de meio século, transformou milhares de vidas e consolidou-se como exemplo de acolhimento humanizado e inovação no sistema de saúde. Durante seu pronunciamento, a presidente da Federassantas – Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais, Kátia Rocha, destacou a singularidade da rede: “o que essa importante instituição entrega é muito mais do que serviço de saúde. É dignidade, é amor, é acolhimento quando muitas vezes outros hospitais dizem que não há mais alternativas. Aqui, começa uma nova jornada de cuidado”, afirmou. Ela lembrou sua experiência pessoal, desde quando conheceu a instituição, há 15 anos, e reforçou a necessidade de maior reconhecimento do poder público. “Falta muito ainda para que a Rede Paulo de Tarso conquiste o respeito que merece. Mas, hoje é dia de celebrar, de afirmar que semear amor e dignidade é também garantir o futuro da saúde filantrópica em Minas Gerais.”

Kátia Rocha ainda ressaltou que a rede mostra, todos os dias, que o cuidado é também uma forma de justiça social e que “manter viva a chama do legado do Paulo de Tarso é fortalecer toda a rede de saúde filantrópica em Minas e no Brasil”.
Na cerimônia, também tiveram destaque as falas da presidente da rede, Ana Carolina de Souza, e do CEO Carlos Eduardo dos Santos Costa, neto do fundador. Ambos ressaltaram o compromisso em dar continuidade ao legado iniciado em 1975, com a criação da Associação Beneficente Paulo de Tarso. “Celebrar 50 anos é reafirmar um propósito: acolher, reabilitar e transformar vidas. Cada colaborador, voluntário e parceiro faz parte desta história”, disse Ana Carolina. Já Carlos Eduardo, reforçou o papel da Rede como pioneira e estratégica diante do envelhecimento populacional. “A saúde do amanhã será feita de coragem, inovação e compromisso. A Rede Paulo de Tarso está pronta para continuar sendo parte essencial dessa transformação.”
Ao conduzir os trabalhos, o vereador Cláudio do Mundo Novo destacou “A Rede Paulo de Tarso é um farol de esperança para Belo Horizonte e para Minas Gerais.” Na ocasião, a Câmara entregou uma placa comemorativa à instituição e certificados a profissionais com décadas de dedicação ao hospital. A Rede Paulo de Tarso, por sua vez, também homenageou o vereador pelo apoio e parceria. Fundado a partir da visão inovadora de Amarílio Domingos Costa, a Rede Paulo de Tarso se consolidou como referência em geriatria, reabilitação e cuidados paliativos, com atendimento a mais de 40 mil pacientes por ano. Seu braço social, o Instituto de Promoção, Ensino e Cuidados Inclusivos, atende gratuitamente mais de 200 crianças e jovens com deficiência.

IMPORTÂNCIA PARA POPULAÇÃO
O jubileu de ouro reafirma não apenas a relevância histórica da Rede Paulo de Tarso, mas também seu papel estratégico no futuro da saúde em Minas Gerais e no Brasil. O país enfrenta hoje uma transição demográfica intensa: a população idosa cresce em ritmo acelerado, elevando demandas por serviços de saúde especializados, modelos de cuidado de longo prazo e instituições preparadas para dar suporte integral nos estágios mais frágeis da vida.
Segundo dados do IBGE com base no Censo Demográfico de 2022, a proporção de brasileiros com 65 anos ou mais subiu de 7,4% em 2010 para 10,9% em 2022. Esse envelhecimento acelerado impõe desafios significativos para saúde pública, previdência social, assistência domiciliar e instituições especializadas. O próprio Ministério da Saúde já reconhece, em portarias específicas, que os cuidados prolongados são fundamentais para pacientes em situação clínica estável que precisam de reabilitação ou adaptação às sequelas de processos clínicos, cirúrgicos ou traumáticos, funcionando como elo vital entre a hospitalização aguda e o retorno à vida cotidiana. O documento “Diretrizes para o Cuidado das Pessoas Idosas no SUS” salienta a funcionalidade como indicador central da saúde do idoso, enquanto a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa enfatiza a atenção integral, articulando atenção básica, domiciliar, reabilitação e serviços especializados. Já as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), segundo normas da ANVISA, cumprem papel relevante como residências coletivas que garantem dignidade, liberdade e cidadania.
Estudos apontam que a demanda por ILPIs e serviços de cuidados prolongados deve crescer significativamente nos próximos anos, não apenas pelo envelhecimento populacional, mas também pelas transformações nas estruturas familiares. Nesse cenário, redes especializados como a Paulo de Tarso são fundamentais: reduzem reinternações desnecessárias, infecções adquiridas em ambiente hospitalar; afastamentos prolongados em leitos de alta complexidade e, sobretudo, favorecem a recuperação funcional e a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, oferecem suporte essencial ao cuidador familiar, aliviando a carga emocional, física e financeira.
Assim, ao celebrar 50 anos de existência, a Rede Paulo de Tarso reafirma não apenas sua trajetória de pioneirismo, mas sua relevância para um Brasil que envelhece e que precisa, cada vez mais, de instituições preparadas para cuidar com humanidade, técnica e dignidade. “A Rede Paulo de Tarso não cuida apenas de corpos, mas de histórias, de famílias e de esperanças. E essa é, talvez, a maior contribuição que uma instituição de saúde pode oferecer ao mundo contemporâneo”, afirma Kátia Rocha.