Novo método anti-HIV substitui pílula diária por tratamento semanal

(Foto: As fases do medicamento no estômago do paciente: bons resultados no tratamento contra o HIV e em pessoas que estão em risco constante de exposição ao vírus – Correio Baziliense)


Pesquisa apresenta forma de aplicação de medicamentos, ainda em teste pré-clínico, que promete facilitar o tratamento e reduzir os efeitos colaterais nas pessoas infectadas com o vírus da Aids.

Um dos principais desafios para tratar a síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids) é o fato de os próprios pacientes não aderirem à terapia antirretroviral (TARV). O tratamento é imprescindível para reduzir a morbidade e a mortalidade relacionada ao vírus HIV, mas os obstáculos são muitos: além do estigma que sofrem ao revelar que têm o vírus, os pacientes precisam tomar uma grande quantidade de comprimidos por dia e combinar várias drogas, que causam muitos efeitos colaterais. O tratamento ainda exige o cumprimento de horários rigorosos e alterações na alimentação para evitar desconforto.

Um estudo publicado pela revista científica Nature Communications, nesta terça-feira (9/1), descreve um modelo inovador de tratamento contra o HIV, ainda em fase de teste pré-clínico — com aplicações apenas em suínos —, que foca exatamente no dilema da não adesão dos pacientes ao modelo convencional.
Durante as pesquisas iniciais, a equipe constatou, por meio de ensaios clínicos, que apenas cerca de 30% dos pacientes seguem os planos diários de dosagem, o que complica a eficácia do remédio.
O novo método, desenvolvido por pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital (BWH), ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), ajuda a resolver esse problema ao exigir que o paciente ingira uma só pílula semanalmente. O composto, então, permanece no estômago ao longo de vários dias, liberando os medicamentos prescritos gradualmente.
Segundo o gastroenterologista e engenheiro biomédico Giovanni Traverso, um dos autores da pesquisa, “esses sistemas de liberação lenta de dosagens são iguais ou melhores do que as doses diárias atuais para tratamento de HIV”.

Estrela contra o HIV

O projeto, iniciado em 2016, consiste em uma cápsula que, ao entrar em contato com os líquidos presentes no estômago, se desdobra em uma estrutura no formato de uma estrela grande o suficiente para não passar pelo piloro, uma abertura que faz a conexão entre o estômago e o intestino delgado.

O formato da droga permite ainda que os alimentos continuem passando livremente pelo sistema digestivo. “Os braços proporcionam rigidez e a cápsula contém polímeros (macromoléculas formadas a partir de unidades estruturais menores) e outros materiais para permitir que a droga se difunda lentamente”, afirma o estudo. As cápsulas são projetadas para, depois da liberação total do fármaco, se desintegrarem em componentes menores que podem passar pelo trato digestivo.

O médico infectologista Valdez Madruga, que é coordenador do Comitê HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), vê com otimismo a busca por tratamentos desse tipo. “É um sistema interessante de ação, mesmo que ainda em fase tão inicial. Ele consegue entregar até seis tipos de drogas diferentes por semana. Isso, quando for testado em humanos, vai representar um grande avanço para quem vive com a doença”, analisa.

Veja a reportagem completa: Correio Baziliense – Ciência e Saúde

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