Crise financeira agrava situação dos hospitais filantrópicos de Belo Horizonte

Hospital da Baleia enfrenta paralisação de parte do quadro de funcionários. Segundo o hospital, o atendimento aos pacientes não será afetado

De acordo com o Hospital da Baleia, a instituição está passando por uma grave crise financeira. A diretora-presidente, Tereza Paes, explica que, infelizmente, a segunda parcela do 13º não foi paga na data prevista, dia 20/12, mas todos os esforços estão sendo feitos. O atraso foi um dos motivos da paralisação de parte do quadro de funcionários, ontem. Uma assembleia com os trabalhadores, para votar os rumos do movimento, será realizada hoje (21). Ainda segundo o hospital, estão acontecendo reuniões sistemáticas com representantes do poder público para tentar regularizar a situação.

Atualmente, 85% do total dos atendimentos são feitos via SUS, o que, segundo a diretora-presidente Hospital da Baleia, tem gerado enorme déficit financeiro para a instituição. Ela explica que o prejuízo é fruto, principalmente, da política de saúde pública do Brasil. “O sistema é subfinanciado e os valores pagos pelos procedimentos não cobrem os custos reais, razão do enorme déficit operacional do Hospital da Baleia. Não há reajuste das tabelas há mais de 15 anos e, soma-se a isso, a insuficiência de incentivos por parte do poder público aos serviços em que o Baleia é referência no estado, como a pediatria, além da morosidade dos repasses do SUS, que chega a 60 dias”.

Para não interromper o tratamento de milhares de pacientes, o Hospital da Baleia informou que acumulou vários empréstimos bancários, que o colocaram em uma situação preocupante. Apenas para honrar as amortizações e juros da dívida, a instituição compromete cerca de R$ 16 milhões por ano, o que corresponde a 22% do seu faturamento. “Hoje, o Baleia chegou à sua capacidade máxima de endividamento. Como agravantes, temos a atual crise financeira do país, que afeta diretamente a instituição, a queda das receitas, restrição de créditos e alta da inflação em saúde, especialmente nos medicamentos e insumos adquiridos em moeda estrangeira”, assegura a diretora-presidente.

SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA

O Hospital da Baleia informou que decidiu readequar seu atendimento levando em consideração a sustentabilidade financeira. Para isso, reduziu a variedade de serviços prestados para garantir, assim, a excelência de três especialidades. Ou seja, passou a se especializar nos serviços relacionados à alta complexidade como: oncologia; nefrologia e CENTRARE – Centro de Tratamento de Fissuras Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais.

Além das readequações para garantir o atendimento à  população, o hospital faz campanhas regulares de arrecadação de recursos por meio de doações de pessoas físicas e jurídicas. Essa fonte de recursos, que hoje representa cerca de 10% da receita do hospital, tem coberto os custos reais dos tratamentos que são subfinanciados pelo SUS.

REUNIÃO URGENTE

Além do Hospital da Baleia, outros filantrópicos da capital passam por grande dificuldade econômica e financeira, ao longo dos últimos anos. Alguns tiveram que tomar medidas drásticas para manter o funcionamento, como enxugamento do quadro de funcionários.

Sempre atenta a essa situação e na luta para representar os hospitais filantrópicos, a Federassantas está organizando uma frente de gestores hospitalares da capital para que, com a presidente Kátia Rocha, se reúnam com representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, na próxima semana, dia 28/12. Nesta reunião, serão abordadas as dificuldades dos filantrópicos e feitos pedidos de encaminhamentos das autoridades. Hoje, segundo levantamento da Federassantas, os hospitais filantrópicos representam mais de 60% dos atendimentos hospitalares feitos pelo SUS no estado de Minas Gerais.

 

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