Estudo do Hospital São Francisco revela que traumas da face são problema de saúde pública

Um estudo realizado no Hospital São Francisco (HSF), em Belo Horizonte, revela que os traumas maxilofaciais (maxilar e face) representam um sério problema de saúde pública. O levantamento foi feito com 1.110 pacientes entre os anos de 2014 e 2020 e o quadro continua a chamar a atenção da equipe de saúde, atualmente.  As lesões estão diretamente ligadas aos altos índices de morbidade (se refere à taxa de pessoas com uma doença em relação à população total); perda de função,; deformidades e exigem tratamentos complexos — muitas vezes custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a dentista Rayssa Nunes Villafort, responsável pelo Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Complexo Hospitalar São Francisco, a maioria dos casos acomete homens e são decorrentes de acidentes de trânsito e agressões físicas. As fraturas de mandíbula são as mais frequentes.

CAUSAS MAIS COMUNS

O levantamento apontou que 84,5% dos pacientes eram do sexo masculino, com uma média de idade de 36,3 anos. A proporção entre homens e mulheres foi de 5 para 1, um dado que, segundo a especialista, se explica pelo maior envolvimento dos homens em atividades de risco, como esportes de contato, direção de veículos e situações de violência interpessoal. Os acidentes de trânsito foram a causa mais frequente dos traumas (41,7%), seguidos por agressões físicas. A mandíbula foi o local mais atingido (47,5%), seguida pelas fraturas múltiplas de face (18,1%) e fraturas nasais (39%).

Além das consequências físicas e emocionais para os pacientes, os traumas maxilofaciais geram alto custo para o SUS. O estudo também identificou diversos fatores associados à ocorrência dessas lesões: idade, sexo, aspectos culturais, localização geográfica, condição socioeconômica, consumo de álcool e drogas, cumprimento das leis de trânsito, violência doméstica e até mesmo doenças como a osteoporose.

O tratamento das lesões depende de variáveis como a gravidade da fratura, tempo de atendimento, experiência do cirurgião e recursos disponíveis. No estudo, a técnica mais utilizada foi a redução cruenta com fixação, adotada em 77,9% dos casos. 
As complicações pós-operatórias foram mínimas, com uma taxa de 6,6%. A cirurgiã buco-maxilo-facial alerta, no entanto, para a importância dos cuidados no pós-operatório. “Adesão à dieta adequada e higiene oral rigorosa são fundamentais para evitar infecções e outras complicações”, explica a dentista.

O estudo foi realizado com base nos prontuários eletrônicos do sistema Gesthos e utilizou a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) para identificar os tipos de fratura de face. As variáveis analisadas incluíram sexo, idade, etiologia do trauma, tipo de fratura, tratamento, complicações e localização anatômica das lesões. Segundo Rayssa Villafort, pesquisas como essa são essenciais para orientar políticas públicas, estabelecer protocolos de prevenção e otimizar o uso de recursos na rede de saúde. “Entender o perfil epidemiológico dos traumas permite antecipar estratégias mais eficazes de atendimento e prevenção”, conclui Rayssa.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Hospital São Francisco

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